a injustiça da justiça II

01-12-2018

Não sei que dizer!... Procuro razões que possa desconhecer e me permitam fazer uma avaliação o mais correcta possível face ao meu modo de pensar e de agir, e acabo sempre por dar de caras com actos que mais não são, do que formas tenebrosas de iludir o mais pacato do cidadão.

Vejamos: Um homem é condenado pelo Tribunal Judicial de Braga a um ano e meio de prisão efectiva, pelo roubo de seis euros a outro, em plena via pública sob a ameaça de uma falsa arma.

Ouvi alguns conhecedores de leis, nos canais generalistas, e noto que também entre esses, há opiniões contrárias. Enquanto uns concordam com a pena de prisão por ser reincidente, afirmando eles que, não é a importância roubada que está em causa, mas sim o facto de este ter já sido condenado por outros actos. Outros, também homens de lei,  afirmam que não é correcta a aplicação da pena porque o mesmo já cumpre outra(s), e que o valor dos seis euros acaba por ser irrelevante. Irrelevante? Talvez sim, talvez não. Na verdade, foram seis euros e podia ter sido muito mais, isso é um facto sim, mas não será que estamos perante um desajustamento em relação a situações bem mais penosas por parte de outros?

Uns sofrem e cumprem penas por situações a que chamo "menores". Já outros, que saciaram os próprios bolsos com milhões, andam por aí, aguardando o esgotar de situações e de tempo, que lhes permita uma absolvição, ou quem sabe um arrastar da situação, que os afaste do cumprimento de penas.

Olhemos agora para outra situação, simplesmente uma outra entre tantas que a cada dia ensombram esta nossa justiça tão injusta:

A Caixa Geral de Depósitos concede ao grupo de Joe Bernardo um empréstimo de suporte à compra de acções do BCP em 2007. Segundo foi dado a conhecer, é esse um dos créditos de alto risco, que consta na auditoria forense que o governo promoveu aos actos de gestão do banco estatal entre 2000 e 2015, conforme avançam alguns orgãos de informação. Pelo que se ouve e lê, do relatório entregue ao Ministério Público, terá o grupo uma dívida aproximada a 280 milhões de euros à CGD. Note-se que além desta dívida, o grupo de Joe Berardo, apresenta ainda dívidas ao Novo Banco e ao BCP, num total aproximado a 1.000 milhões de €uros.

Não consigo entender, e como diria o Scolari, "expliquem-me como se eu fosse muito burro", que raio de mentores ou reguladores de negócios permitem que isto aconteça, ou colaborem de forma a que a justiça não actue de modo igual perante uns e outros?

Lamentável simplesmente. Mal está aquele que é pobre e não tem dinheiros para suportar recursos, ou não tem amigos (que em alguns casos cobram caro) que os ajudem a evitar julgamentos tanta vez beneficiados erradamente só por ser quem são. é caso para dizer: "Uns serão filhos, outros enteados, e outros simplesmente filhos de pai incógnito..." assim parece.

Assim não... Enquanto assim se agir nesta forma de justiça, esta será certamente muito injusta para uns e benéfica para outros.

(texto original de opinião, escrito à margem do novo AO)

AF 1 dezembro 2018 

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