Corrupção, o mal que tanto nos aflige

Corrupção? Sim, todos sabemos, e é demais conhecido que ela anda por aí a actuar de modo desenfreado, sem apelo nem agravo e muito menos, sem ninguém de direito a conseguir fazer-lhe frente, para mal dos nossos pecados.
Acabei de ler que os custos com a corrupção, para nós enquanto país, estão a somar cada vez mais, e em valores tão exorbitantes e sem qualquer punição, que parece mais tratar-se de gozar com os restantes cidadãos... Mas não, nada se faz e muito passivamente, continua-se a assobiar para o lado, como se nada nos atingisse.
Em Portugal, lê-se, a corrupção calculada (fora aquela que não se sabe) atinge mais de 18 mil milhões de euros por ano. Sim, leu bem, não precisa limpar os óculos, é isso mesmo... 18 mil milhões por ano, pelo menos é o que nos diz um relatório apresentado no passado dia 7 de dezembro. Ora este valor aproxima-se dos incríveis 8% do nosso produto interno bruto.
Dá-nos a conhecer também o referido relatório que, Portugal é um dos países dos 28 Estados-membros da União Europeia (UE) em que essa "factura" do peso da corrupção é das mais pesadas, em termos absolutos.
Não sou, nem nunca fui um estudioso na matéria, limito-me a constatar factos que me chegam, considero-me um cidadão consciente e atento, que na falta de outro modo de sabedoria, procura ler aqui e ali sobre alguns assuntos demasiados importantes para o crescimento económico que tanto ansiamos.
Temos assistido a cada dia ao aparecimento de novos casos, a maioria levados a cabo por indivíduos, que acima de tudo deviam ser exemplo para todos os que compõem esta nossa sociedade, mas não. O que importa é que cada um à sua maneira consiga encher os bolsos tanto quanto possível, sabendo da passividade de quem tem em mãos os julgamentos de tais actos, e que essas decisões não os castiga.
É mau... É muito mau mesmo, que não se obrigue e se condene quem assim age, como se nada acontecesse e saindo quase sempre impunes e imaculados.
Esta situação, traz-me à lembrança uma "escrito" que não posso deixar de relatar aqui:
Assim começou a corrupção:
"Nos tempos em que os Reis mandavam, numa noite escura, à entrada de dezembro, o rei veio à varanda do seu iluminado palácio e reparou que a cidade estava escura como breu.
Chamou o seu Chanceler-Mor e ordenou-lhe:
- Antes do Natal quero ver a cidade toda iluminada.
Toma lá 500 cruzados e trata já de resolver o problema.
O Chanceler-Mor chamou o Alcaide e ordenou-lhe:
- O nosso rei quer a cidade toda iluminada ainda antes do natal.
O Alcaide chama o Meirinho e
diz-lhe:
- O nosso rei ordenou que puséssemos a cidade toda iluminada para o
natal.
O Meirinho emite um edital a dizer:
"Por ordem do rei em todas as ruas e em todas as casas deve imediatamente ser colocada iluminação de natal. Quem não cumprir esta ordem será enforcado".
Uns dias depois o rei veio à varanda e, ao ver a cidade profusamente iluminada, exclamou:
- Que lindo! Abençoado dinheiro que gastei. Valeu a pena.
... E foi assim que Portugal (assente na corrupção) terá começado a funcionar...
----------------------------------------------------------------
Não deixam de ser palavras (em estórias) que nos chegam através dos tempos, mas que terá alguma relação com a actualidade, terá.
Conclusão é que o crime sempre compensa
(texto próprio escrito à margem do novo AO)
AF, 14 dezembro 2018