O AVC e os sintomas dos "3F"
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É este, um tema bastante "forte" para escrever de forma explícita o que for sobre o mesmo, já que, cada caso será vivido e se possível ultrapassado, conforme a pessoa em si, conforme a família, conforme os amigos, e o meio em que estes se inserem. São estes, quanto a mim, factores fundamentais para minimizar as sequelas deixadas a quem sofre um AVC.
Não podemos descurar a importância da prevenção, e a base que temos para colocar em prática, uma conjunção de factores que ajudem a prevenir para que tal não aconteça, e saber o quanto fundamental é reduzirmos, ou mesmo eliminar factores de risco, assim como é crucial o acompanhamento numa recuperação pós o mesmo ter acontecido. Sem dúvida que, a assistência imediata, após os primeiros sintomas, farão toda a diferença. Mas pergunto, e se não houver alguém que nos assista, por estarmos sós? No meu caso, tive os amigos que comigo estavam, os quais notaram antes de mim, mudanças que indicavam não estar bem. Tão inesperadamente, me vi incapaz de colocar a chave na fechadura do carro. A visão turva eu notei, mas também alguma dificuldade no falar, assim como a parte motora ao nível dos membros superiores e inferiores, lado direito, se vieram pouco a pouco juntar e dar como certo estar na presença do AVC. Apesar de Isquémico, e as sequelas do mesmo, o tempo de recuperação tornou-se longo.
Depois, depois não podemos baixar os braços, nem nós nem os que nos rodeiam, e iniciar o processo de recuperação e reabilitação tão breve quanto possível, é também determinante para que possamos voltar ao que éramos antes do episódio ter acontecido.
Calcula-se que um terço dos que sofrem um AVC, ficam com algum tipo de incapacidade, pelo que é importante começar quanto antes a recuperação. Infelizmente são muitos os casos em que não recuperam, ou são mesmo fatais, num desfecho para o qual ninguém está preparado, através de uma condição que nos "invade" através das áreas do cérebro afectadas e nos limita funções tão importantes, e que de um momento para o outro ficam limitadas. A reabilitação envolve assim voltar à vida normal, recuperando o melhor nível de independência possível, reaprendendo capacidades e habilidades através de treino, assim como uma adaptação a algumas situações necessárias a uma nova condição de vida, num processo que exige tempo, disponibilidade e despesas acrescidas, tendo em conta os recursos e as exigências às adaptações que de repente são necessários.
Como referi no início, cada caso é um caso, e a recuperação trará alterações a muitos níveis, sendo o acompanhamento e apoio da família e amigos meio caminho andado para a recuperação.
Tenha sempre presente que há sintomas de alerta, saiba reconhecer os mesmo, através dos chamados "3F": Desvio da face; Falta de força num braço; Dificuldade em falar. Mas há outros sintomas associados. Ter uma dificuldade súbita em mexer um braço, uma perna ou ambos de um lado do corpo, uma falha repentina na visão, a diminuição da sensibilidade ou "formigueiro" num dos membros, a dificuldade em caminhar ou entender as pessoas à sua volta, bem como dores de cabeças fortes são alguns dos sintomas em que esta doença se manifesta.
Quando detectar algum destes sintomas procure de imediato a ajuda médica, e lembre-se que um minuto a menos pode fazer a diferença. Procure a prevenção quanto antes, evitando o desenvolvimento da doença: não fumar, alimentar-se saudavelmente, moderar o sal e o álcool, fazer exercício regular (30 minutos diários), controlar periodicamente a tensão e a diabetes. Em suma, procure ter uma vida o mais saudável possível.
(este texto insere-se numa partilha de vivência própria e está redigido à margem do novo AO)